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CSS | 11 de Novembro de 2016

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Madeira

A magia de uma ilha atlântica

Não seria fácil se quiséssemos encontrar um único adjectivo num qualquer dicionário para ilustrar essa
ilha do Atlântico. Na realidade, para a qualificar, e falando apenas das belezas naturais, seria necessário
somar adjectivo após adjectivo. Então, e talvez nessa altura, fosse possível atingir e passar uma imagem
mais real do que nos é oferecido por essa ilha que dá pelo nome de Madeira
As imagens literárias são bonitas, é um facto, mas não passam já de lugares comuns que
toda a gente repete quando se fala ou se escreve. E tanto as palavras como as frases mais utilizadas são hoje, muitas vezes, simples chavões
que ficam muito a desejar em confronto com a
realidade. E isto acontece quando se fala ou se
escreve sobre a Madeira.
Assim, por exemplo, não a chamarei de Pé-

rola do Atlântico. Direi antes e apenas que é
uma pequena maravilha da natureza, artística,
ímpar e cativante. Efectivamente, parece que a
Mãe Natureza foi excessivamente liberal neste
recanto do Planeta ao distribuir, com mãos rotas, dádivas sublimes que fazem inveja a outras
terras e muitas gentes.
Quem ruma à Madeira vai parar, naturalmente, à cidade do Funchal. A primeira sensação que o viajante recebe é de grandiosidade
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e imponência face a um cenário de magia que
lhes prende a atenção e os sentidos., principalmente quando essa chegada acontece pelo mar.
De um lado, a encosta salpicada de moradias que à noite mais parece um firmamento
cravejado de estrelas. Ao fundo, uma baía de
sonho, com iates e navios de cruzeiro. Mais ao
lado, piscinas naturais enquadradas por hotéis e restaurantes onde se pode saborear a tão

apreciada gastronomia madeirense. Depois, as
lojas de artesanato, as ruas e calçadas típicas,
os recantos pitorescos, os museus e os palácios; finalmente, mas principalmente, as flores
exóticas e a permanente presença da vegetação
tropica.
Mas não é apenas os encantos do Funchal
que a Madeira tem para oferecer. Bem pelo
contrário..
Comecemos por nos deixar encantar pela

panorâmica que nos é oferecido ao longo do
trajecto que liga a capital à Câmara dos Lobos,
entre socalcos de bananeiras e de vinhedos que
nos guiam até essa típica vila piscatória, com
os seus barcos pintando de várias cores o azul
do mar, e aquela fantástica e refrescante bebida
que dá pelo nome de Nikita.
Mais à frente, o miradouro do Cabo Girão,
a maior falésia da Europa e a segunda do mundo, caindo na vertical até ao Atlântico nos seus
633 metros. Depois é seguir em direcção da
encantadora Ribeira Brava, ao encontro dos
miradouros que o levarão até à Cumeada onde
dificilmente se deixará fascinar e envolver pela
luxuriante vegetação da floresta laurissilva, Património Mundial, ou pelo deslumbre oferecido por S. Vicente, plantado à beira-mar, num
cenário verdadeiramente imperdível.
Daqui até Porto Moniz, o respeito e fascínio de uma estrada inspira as mais emocionantes sensações furando toneladas de rochas da
montanha, por onde caem cascatas de água
pura e refrescante, um paraíso de piscinas naturais que esperam o turista para uns tranquilos e revigorantes momentos de frescura.
Seguir depois em direcção da Ponta do Sol
e da Calheta é um outro atractivo passeio que
o levará à pitoresca vila do Paul do Mar, antes
de iniciar a subida em até ao Paul da Serra. O
maior planalto da ilha, de onde se tem uma das
mais espectaculares vistas sobre uma infindável cadeia de encostas. Puro deslumbramento.
Mas poderá continuar em direcção de Santana, percorrer os seus miradouros por entre
vales e montanhas e as suas típicas casas, para
seguir até às Queimadas ou à soberba vista do
Curral das Freiras aprisionado num verdejante
vale.
E Santana também é um bom ponto de
partida para passeios a pé pelo Caldeirão Verde e um preparativo para descer em direcção
até ao Faial, onde a surpresa e imponência das
montanhas que descem até ao mar o deixarão

fascinado, como fascinado o deixará o Caniçal e essa fantástica obra da Natureza que é a
Ponta de S. Lourenço, o ponto mais oriental
da ilha. Um verdadeiro prodígio do Criador na
sua aridez, nos seus recortes e na sua violência
paisagística, contrastando com todo o verde
que caracteriza a ilha.
E é já no regresso ao seu ponto de partida
para esta visita à ilha da Madeira, entrando
pelo lado oposto, que encontra a ponta do Garajau, de onde avista as Ilhas Desertas, e o miradouro de São Gonçalo, de onde tem uma das
mais surpreendentes vistas sobre o Funchal.
Mas a Madeira não é apenas belezas naturais. É também um complemento irrecusável
entre paisagem, costumes e as suas gentes.

Texto e fotos:
Fernando Borges