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CSS | 7 de Dezembro de 2017

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“com a internet e com as novas tecnologias
deixaram de vender muita música em formato físico” e é verdade. Na realidade estas
novas tecnologias permitem que os artistas
que querem mostrar o seu trabalho tenham
mais plataformas como o Facebook e o Instagram. Chegam muito rápido ao público,
querem mostrar o seu trabalho, e isto para
os agentes é espectacular, porque facilita-lhes o trabalho (risos). E quando digo que é
um público cada vez mais exigente, é nesse
sentido. Têm um acesso à informação tão
grande, que cada vez mais o gosto musical é
refinado, e isso é muito bom.
O álbum “Longe” é lançado no final
de Outubro, mais concretamente no
dia 27. Cerca de semana e meia depois
chegaram ao Top Nacional de vendas,
onde estavam também o Camané e
a Sara Tavares, três pesos pesados. É
uma sensação de dever cumprido?
NR: Eu há pouco dizia que nós não estávamos à espera que tivesse sido tão rápido,
e muito menos chegar logo na primeira
semana de vendas ao primeiro lugar no Top
de vendas. São três pesos pesados, ou pelo
menos eles é que são dois pesos pesados e
nós é que nos viemos aqui intrometer. E…
Uau! É uma grande prenda de Natal. E nós
percebemos que havia muita vontade no
mercado de ouvir coisas novas. Pela primeira vez estas nove canções vão entrar para o
novo alinhamento já no concerto do próximo ano. São grandes músicas, são grandes
temas. Percebemos isso na apresentação
que fizemos em Lisboa, no Lisboa Ao Vivo,
fizemos a apresentação do álbum com uma
semana de temas.
SR: Sim, a única música que nós tínhamos dúvidas era o single, que tinha mais ou
menos um mês, agora o disco todo tinha
uma semana de vendas, tinha feito uma
semana e meia de vendas.
NR: Foi extraordinário perceber o
impacto que aquilo teve. Não é modéstia
da nossa parte, é mesmo sinceridade. Nós
já passámos por isto algumas vezes nestes
19 anos, mas antigamente as coisas demoravam mais tempo, não era tão rápido. Percebias que tinham um grande projecto, tinhas
um grande trabalho, as coisas tinham estrutura, que tava porreiro e que ia acontecer.
Mas, não era logo imediato, se calhar ao fim
de cinco ou seis meses é que a coisa se dava
“ok, já percebi, agora é que isto vai começar
a bombar”. E agora não, é tudo muito mais
imediato. E os nossos receios aqui são que
até mesmo durante o tempo de validade do
sucesso, o que no nosso caso é um bocado
“irrelevante” porque a banda já tem nome
no mercado e já tem percurso, mas isto
assusta os novos projectos. Tanto de repente
tão com um sucesso brutal e a seguir desaparecem. O nosso caso não é bem esse, o
nosso caso é quase como aditivo, porque
isto acaba por ser um aditivo para aquilo
que nós queremos fazer a seguir que o Sérgio
já falou: preparam-se os 20 anos, prepara-se
a tournée do próximo ano que é do “Longe”, baseado no CD, daí que as nove novas
músicas entram no alinhamento. E pelo
sucesso que o álbum está a ter, e então num
tão curto espaço de tempo. É um álbum que
ainda tem muito para crescer em termos de
vendas, até porque vem aí o Natal, nós a
única coisa que dizemos é que é uma excelente prenda de Natal (risos) para aqueles e
aquelas que há muitos anos não têm novidades nossas, que se calhar há algum tempo
não sabiam o que andámos a fazer. E nós
andámos sempre a tocar, e bem!, felizmente.
É uma excelente prenda que podem dar no
Natal. O álbum veio numa altura porreira,
nós inclusivamente já há muito tempo que
não lançávamos um álbum por altura do
Natal, não é Sérgio?
SR: Sim, era sempre antes do Verão. E
é engraçado que hoje em dias não… Antigamente tinhas os timings pré-definidos
para lançar o disco e agora não há assim

uma regra específica para
que possas lançar o disco
ou o tipo de música que é
para lançar e isto é surreal.
E para que as pessoas percebam, e isso é interessante, já
estamos a pensar qual será
o segundo single. Estamos
aqui a pensar mas depende
até quando é que esta música
vai trabalhar. Temos de pensar que cada música tem um
tempo, não podemos deixar
que a música quebre muito
e então aí lanças o segundo
single. Não sabes se é perto
do Verão, se não é perto do
Verão. E é interessante saber
que este disco lançado perto
do Natal, curiosamente há
muitos trabalhos que estão
a ser lançados agora, mas é
incrível que este nosso trabalho foi uma questão de
“tinha que ser”. Sabes que
obviamente que tens de ter
tudo estruturado mas tudo
evoluiu de uma forma natural. Então pensámos que as
coisas tinham de acontecer
nesta altura, não há volta a dar. E aconteceu
felizmente. Estão a acontecer coisas muito
bonitas em relação ao disco, em relação ao
novo single. Soubemos há pouco tempo que
o single vai entrar na nova novela da TVI e
vai estar associada a uma personagem.
Portanto a partir daí já sabem que a
música vai ter uma longevidade maior.
NR: Exacto! O que é porreiro, é óptimo.
Nós estamos muito felizes com o que está
a acontecer. Mais ansiosos agora por saber
como é que vamos montar o espectáculo do
ano que vem, porque sabemos que vamos
rodar muito. Vamos regressar a lugares que
não vamos há muito tempo, o que vai ser
interessante.
Como por exemplo?
NR: Olha, por estranho que pareça, nós
temos feito coisas no Algarve mas coisas
mais intimistas. E vamos voltar aos grandes
festivais no Algarve com toda a certeza. No
Norte também estivemos afastados durante
os últimos cinco ou seis anos dos grandes
festivais que aconteciam. E vamos regressar,
com toda a certeza, a lugares como Viseu,
Cantanhede e por aí fora. Há lugares que sei
que muito provavelmente vamos regressar
porque há coisas novas e nós sentimentos
verdadeiramente que o pessoal tinha saudades de ouvir coisas novas da nossa parte.
Nós nunca saímos de cena, é importante
dizer. O álbum chama-se “Longe” mas existe uma razão para tal. Nós nunca estivemos
longe, nós viemos de longe, o nosso percurso vem de longe e queremos que ainda vá
mais longe. E é por isso que este álbum se
chama “Longe”, viemos de longe a preparar
isto.
SR: E é uma forma de dizer às pessoas
que nós estamos cá e parar ficar. É interessante ver a reacção das pessoas, e isso já foi
conseguido, que é comunicar ao público
que temos um trabalho novo. Os Anjos voltaram com um trabalho novo de originais e
isso era aquilo que nós queríamos passar cá
para fora. Porque as pessoas perguntam-se
“porque é que tiveram tanto tempo afastados, já acabaram?”. Não, nós nunca terminámos, sempre tivemos cá a trabalhar, a
fazer concertos, sempre fomos uma banda
muito de performance.
NR: E fizemos grandes concertos este
ano. Por exemplo, aqui no concelho tivemos
nas Festas de S. Pedro no Seixal. Foi top,
apesar da noite fria, lembro-me muito bem
que até me constipei (risos). Depois abrimos
a Feira de Santiago, em Setúbal. Nós estamos cá, sempre estivemos cá, os nossos concertos sempre tiveram público, esta política
de termos lançado as tais três canções antes

foi excelente. Foi importante para nós até
percebermos como é que o público ia aceitar
as coisas novas. Mandámos uma no cravo
e outra na ferradura com o caso de convidarmos os Karetus para fazerem um arranjo
novo da música “Dava Tudo P’ra Te Ter”,
ficou brutal, também contou com a participação do Kilate, com o rap. Ficou muito
giro, e depois aquela balada do “Espero Por
Ti” dispensa comentários. E portanto as
coisas encaminharam-se para isto que está
a acontecer agora, foi top.
Para também manterem a interacção
com o público e terem feedback.
SR: Isso, sem dúvida. Acho que é inevitável hoje em dia se não tiveres, aliás, até
acho que foi uma das maiores dificuldades
que tivemos em relação à nossa carreira foi o
acompanhar e o adaptar as estratégias digitais. Porque lá está, não tínhamos na altura.
Temos muita gente a trabalhar mas consideramo-nos como uma família, já estamos
juntos há muitos anos. E aqui sentimos que
tínhamos que acompanhar muito estas tendências digitais. Temos empresas fantásticas
a trabalhar connosco neste sentido. Isso é
importantíssimo. É malta que está sempre
atenta: “coloquem um vídeo assim”, “esta
foto funcionou, temos de tirar mais fotos
deste género”, a horas específicas. Hoje em
dia nós temos muitos fãs, temos muita gente
que nos segue que estão lá fora, e a única
forma de se manterem actualizadas e estarem connosco é através das redes sociais. Tu
sentes isso perfeitamente, se não tiveres uma
presença activa e dinâmica no mundo digital, já foste.
Vejo-vos extremamente empolgados com o feedback que o álbum está a
ter, com a preparação dos espectáculos
para o próximo ano. Vão tentar transmitir claramente essa energia para o
público. Como conseguem controlá-la
até esse momento?
NR: Aí vem também uma coisa muito
importante que já aqui falei, no meio das
outras respostas. Que é a experiência de já
termos passado por isto, e isso é que é giro.
Nós tivemos três grandes picos na nossa carreira, picos de grande sucesso. O primeiro
foi o “Ficarei”, “Perdoa”, “Quero Voltar”,
depois o “Nesta Noite Branca”, que veio no
seguimento também. Outro grande pico da
nossa carreira foi quando lançamos a música que era o “Quando Fores Grande”, que
estava ligado à Swatch, lembras-te disso,
não é? Essa canção foi fortíssima. E eu até
englobo isso tudo num pico, que durou não
sei quantos anos. Esse foi o primeiro grande
pico. O segundo grande pico dá-se quan-

do fazemos o “Olhar Por Uma Só Vez”,
em que gravámos aquele célebre DVD em
Corroios em 2002, e assinalámos o facto de
sermos a primeira banda portuguesa a gravar um concerto em DVD. Isso foi muito
importante. Ou seja, nós fomos os primeiros a preparar uma estrutura para gravar o
concerto em DVD, com DolbySurround e
outras coisas mais.
SR: Chegaram a fazer mas atenção,
foram concertos que foram gravados em
VHS e depois passaram para DVD.
NR: Nós tivemos este tête-à-tête com
um nosso amigo que foi manager dos Silence 4. Os Silence 4 fizeram isso no Garage,
ou seja, ele gravaram um concerto no Garage, uma coisa mais pequena e intimista, e
gravaram para editar em cassete VHS. Só
que fizeram cerca de um mês antes de nós,
transformaram aquilo em estúdio, já na
pós-produção, editaram aquilo em DVD, e
nós não. Nós foi “queremos gravar o concerto em DVD, vamos alugar os meios para
esse efeito”, que são completamente diferentes. Estamos a falar de uma diferença de
custo muito relevante, e depois em termos
de imagem e de som nem tem comparação.
Nós fomos a primeira banda a ser galardoada por termos atingido o DVD de Platina.
Esse foi o nosso segundo pico. O terceiro
dá-se com o álbum da “Vingança”, que dispensa comentários. Ainda está muito presente, muito forte. E se vamos ter outro pico
ou não, este “Longe” começa a soar a isso.
Para isso tem de haver mais dois singles.
SR: Respondendo um pouquinho mais
à tua pergunta, tu nunca consegues controlar as emoções e nós sempre fomos bastante
emotivos naquilo que fazemos. Mesmo nesta questão, e já falámos sobre isto, quando
partimos para a parte da promoção musical do novo disco, acordava todos os dias
motivado, eu e o Nélson, como se fosse a
primeira vez. E a malta a pensar “tantas coisas que vocês já fizeram e ainda encontram
motivação para isso?”, claro que sim! Quando isso não acontecer é porque alguma coisa está errada, já não temos alegria naquilo
que fazemos. Explicar esta ansiedade toda é
que realmente se calhar foi muito tempo, foi
uma pausa muito grande, e vê-se perfeitamente que as pessoas estavam ansiosas para
receber alguma coisa nova dos Anjos e isso
deixa-nos bastante contentes e motivados
para o que aí vem. E para deixar descansada
a malta, até 2020 nós já temos projectos na
cabeça, não vamos parar (risos).
João Domingues

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