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entrevista
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“LONGE” – ANJOS
Celino Cunha Vieira

Quase nove anos depois, os Anjos lançam novo álbum de originais. O “Comércio” esteve à conversa
com Nelson e Sérgio Rosado para conhecer o novo trabalho e qual o balanço que fazem da sua carreira.

editorial
Discute-se muito em tertúlias de café
ou nas redes sociais o conceito de regimes democráticos ou ditatoriais, dando-se sempre como principais exemplos
para este último a Coreia do Norte ou
Cuba, nunca se falando noutros países
espalhados pelos cinco Continentes.
Portugal por exemplo, que é considerado um país com um sistema pluripartidário e democrático, é gerido por um
governo de um partido que até perdeu
as eleições, mas que por artimanhas
de bastidores e cedências ideológicas
chegou ao poder com o apoio de uma
maioria parlamentar. E se calhar é por
estas e por outras, confiando que tem
“as costas quentes” é que se esqueceu de
incluir no Orçamento do Estado para o
próximo ano a despesa para a prometida construção do Hospital do Seixal.
Isto não é nada a que não estejamos
há muito habituados, porque o que se
diz hoje amanhã pode já não valer, tal
como a passagem do Infarmed para o
Porto que parece já não vai acontecer
ou o acordo com o BE que passados
dois dias foi dado o dito pelo não dito.
Estas trapalhadas passaram a ser tão
normais que poucos comentam e é
tudo muito democrático.
Espanta até que não existam manifestações de apoio ao actual governo
por parte dos pensionistas que foram
bafejados com 7 ou 8 euros de aumento
na sua imensa reforma de duzentos e
tal euros mensais. Democraticamente
são uns injustos porque não reconhecem que isso é melhor que nada e devem dar-se por muito satisfeitos.
E se formos aqui para o país vizinho, podemos avaliar a situação democrática no que se refere à Catalunha, assim como para outras regiões
autónomas, existindo fortes divisões
internas e um governo que não tendo
maioria absoluta, é obrigado a fazer
cedências a outros partidos.
Naquilo que se diz ser o bastião
da democracia, os Estados Unidos da
América, o presidente não é aquele
que obteve mais votos, mas sim o que
através de um sistema dito democrático, conseguiu a maioria dos delegados
no colégio eleitoral.
Numa grande parte dos países Árabes nem sequer existem eleições e pouco ou nada se fala disso porque a imposição da democracia é só para alguns
e não para todos, principalmente se a
democracia assentar no poder do petróleo ou em outros interesses onde impera o poder dos euros ou dos dólares.
Aprendamos a respeitar a autonomia de cada país e preocupemo-nos
mais com aquilo que se passa no nosso,
pois existem situações bastante graves, próprias de sistemas totalitários,
que escudadas em Leis muitas vezes
sem qualquer sentido de justiça, passam por democráticas.

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Registo do título: 125282
Depósito Legal: N.º 267646/07
Contribuinte N.º 194 065 499
Propriedade e Editor: Ângela Rosa

Teem um álbum novo de originais,
não lançavam um há quase nove anos.
Neste tempo lançaram um álbum acústico, dois singles que estão no novo
álbum. Porquê esta paragem?
Nelson Rosado (NR): Nós entendemos que não foi algo forçado ou premeditado, foi algo natural. Tal e qual como é
natural a gestão, ou como tem sido a gestão da nossa carreira. Ou seja, as pessoas
têm de compreender, e eu sei que o pessoal que gosta muito de nós, quer ter sempre
notícias nossas, mas às vezes é preciso dar
espaço, nós também precisamos de respirar
um pouco, de pensar noutros projectos. Por
exemplo, tivemos um álbum que era um
projecto que nós queríamos fazer, e era um
projecto que devia respirar por ele próprio,
que foi o álbum acústico, e o álbum acústico fez com que andássemos na estrada cerca
de dois anos com uma tournée acústica. As
tournées acústicas são, como tu sabes, tournées que não estão tão à vista da ribalta ou
dos média, porque são coisas mais específicas, são auditórios, são teatros. Fizemos
coisas muito giras por esse país fora, com
salas sempre esgotadas, foi extraordinário.
Em que o auge desse trabalho foi o concerto
que demos no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, que esgotou em dois
dias, foi uma noite extraordinária, foi dos
melhores espectáculos que já demos, curiosamente em acústico. Depois de termos
feito isso, esse processo do acústico, nós já
andávamos há alguns anos a pensar o que
íamos fazer de novo. Tínhamos a intenção
de fazer algo novo. As pessoas têm de perceber uma coisa, nós temos muitos anos de
carreira, é um facto, mas nós começámos
muito novos, não quer dizer que já estejamos naquela de “vamos arrumar as botas,
vamos viver dos rendimentos, se é que dá
para viver dos rendimentos”, algo que não
dá! Ainda por cima workaholics como nós
somos, nós não paramos, nunca paramos
(risos). E para vos dizer que quisemos depois
regressar, e estava a falar da questão da idade e tudo mais, nós estamos naquela fase
em que continuamos a sentir aquela motivação e aquela energia de querer fazer mais
e melhor e isso é importantíssimo. Ou seja,
a cena de tu estagnares e dizeres “o meu som
é este e é com este som que vamos ficar, não
saímos daqui para lado nenhum” é errado,
nós quando começámos ouvia-se um tipo
de música Pop, as nossas referências são

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Pop, depois andámos a deambular muito
pelo Pop/Rock, uma vertente mais Rock e
o pessoal gosta disso ao vivo e lentamente
começámos a caminhar para aquilo que
hoje se faz. Nós não nos podemos esquecer que este Pop mais electrónico que se faz
agora, com loops, baixos electrónicas, muita
coisa feita em máquina, nós já o fizemos no
primeiro disco dos Anjos! O “Perdoa” era
o quê? O “Perdoa” era uma música Pop/
Dance. E agora curiosamente isto é cíclico e está a voltar ao mesmo, e nós é quase
como que voltar ao ponto de partida, é giro!
Só que temos de o fazer bem feito, daí esta
espera. Tivemos a idealizar este álbum nos
últimos dois anos e meio, dois ou três anos.
Depois começaram a fazer-se as canções,
a pensar quem é que iríamos convidar, e o
Sérgio já vai falar disso, das parcerias que
temos aqui que são os condimentos e dão
um sabor especial ao disco, e estão lá bem
presentes. Porque este regresso sabíamos
que tínhamos de o fazer em grande, tinha
de ser um regresso muito vincado, e vou ser
sincero contigo, não esperávamos que fosse
tão rápido, pensámos tipo “ok, vamos trabalhar bastante para chegar ali a três semanas do Natal e a coisa estar a explodir” mas
tudo antecipou e estamos cá para receber
estas coisas boas naturalmente, que venham
elas, mas basicamente, e respondendo à tua
pergunta em concreto, estes tais oito anos e
meio ou nove anos, foi o tempo necessário
para agora, e em vésperas que fazermos 20
anos de projecto Anjos, fazermos um álbum
de originais que seja uma boa alavancagem
para aquilo que serão os próximos 20, digo
eu.
Falaste dos convidados a participar
no álbum. Quem é que convidaram
para participar?
Sérgio Rosado (SR): Um pouco à imagem do que o Nélson estava a dizer, nós
tentámos sempre actualizar o nosso som de
acordo com aquilo que se ia atravessando
a nível de tendências musicais, não só em
Portugal mas também lá fora. E sempre
demos oportunidade de jovens talentos tra-

Diretor Adjunto: Celino Cunha Vieira TE1218
Diretora Comercial: Ângela Rosa
Paginação: Sofia Rosa
Repórter: Fernando Soares Reis CP6261
Colaboradores: Adriana Marçal, Agostinho António Cunha, Alvaro
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Domingues CO1693, José Carvalho, José Henriques, José Lourenço,
José Mantas, José Sarmento, Jorge Neves, Maria Vitória Afonso,
Maria Susana Mexia, Mário Barradas, Miguel Boieiro, Paulo

balharem connosco. Também na altura nós,
que nascemos numa geração nova da música em Portugal, e sentimos que também nós
temos que dar o mesmo exemplo ou as mesmas oportunidades a pessoas que não conseguiam mostrar o seu trabalho. Sejam eles
letrista, compositores musicais, na altura
já na parte da Eletrónica já haviam muitos
miúdos a tentar utilizar samples e etc… Esse
era um desafio muito interessante e foi aquilo
que quisemos trazer agora, continuar a trabalhar com gente jovem, trazer sangue novo
para o nosso projecto. Talvez como temos
vindo a dizer e outros colegas também que
temos, este talvez tenha sido o maior desafio da nossa carreira, e isto porquê, estamos
quase a fazer 20 anos de carreira, trazer algo
de novo para o nosso trabalho podia ser um
risco. Neste caso foi um risco que podemos
dizer que foi calculado, mas de certa forma
queríamos sem dúvida surpreender o nosso público. Surpreendê-los no sentido de
trazer algo novo, com um som novo, mas
mantendo sempre a nossa identidade, aquilo que nos sempre ligou ao nosso público.
Há uma coisa interessante que é, de alguma
forma surpreendemos o nosso público que
nos acompanhou até agora e conseguimos
cativar um público mais jovem que nos tem
acompanhado nos concertos. Foi um bocado aquele switch que ligou este ano para nós
decidirmos assim “ok, vamos fazer isto”, e
nos concertos temos vindo a assistir a um
público jovem que vais aos concertos e canta
as músicas e que na realidade não é o público-alvo. Quer dizer, o público-alvo nem nós
sabemos qual é, nem ninguém sabe. Há um
target que sempre nos acompanhou, que é
a malta dos 30 e tal, e é interessante que
não se desligaram por completo, mas face
à vida das pessoas, não lhes permite acompanhar os concertos como acompanhavam, mas nunca se afastaram na realidade,
e isso é muito interessante. É importante
sabermos que o público está atento, super
exigente, cada vez mais exigente, porque
isto das redes sociais e da internet tem
muito que se lhe diga. Na internet dizem

Nascimento, Paulo Silva, Pinhal Dias, Rúben Lopes, Rui Hélder
Feio, Vitor Sarmento.
Impressão: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A.
Tiragem: 15.000 exemplares
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