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Destinos

CSS | 2 de Dezembro de 2016

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ALENTEJO

país do Enoturismo

Para aproveitar um intervalo de bom tempo neste Inverno que se aproxima, sugerimos uma escapadinha a Reguengos de
Monsaraz, região onde se produzem alguns dos mais famosos e conceituados vinhos nacionais, e percorrer a rota dos vinhos
alentejanos. Ou parte dele… com as estrelas por companhia
Depois de ser conhecido
durante décadas como “Celeiro de Portugal”, as vastas
planícies alentejanas deram
lugar a inúmeros hectares de
vinha e a um novo produto
bastião – o vinho, de qualidade e mérito reconhecido.
Entre as regiões mais características destaca-se a alva
e simpática vila de Reguengos de Monsaraz e a sua envolvência. Região de bom vinho e boa comida, é aqui que
ficam alguns dos produtores
premiados e mais conceituados do panorama vitivinícola actual.
Começamos a visita pelo Monte dos Perdigões, produtora de vinhos de autor, brancos,
tintos e agora rosés, em tempos casa de Damião
de Góis e gerações mais tarde do compositor
Luís de Freitas Branco, guardando inúmeras
histórias e tesouros.
Embora não esteja habitualmente aberto ao
público, recebe muitos visitantes pela curiosidade que a sua produção suscita. A adega é uma
das mais modernas e, no exterior, 20 hectares
de uvas tintas das castas Trincadeira, Aragonez,
Castelão, Alicante Bouschet, Syrah e Merlot
marcam a paisagem até perder de vista. Remata
a visita uma prova de vinhos que tenta os sentidos. Destaque para o ex-líbris da casa, o Poliphonia Reserva, tinto, baptizado em homenagem a Luís de Freitas Branco.

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A próxima paragem, mesmo do outro lado
do “Monte”, é na Herdade do Esporão, uma das
propriedades produtoras de vinhos e azeites do
Alentejo mais bem preparadas para receber visitantes.
Depois de vários quilómetros dentro da propriedade, até chegarmos à recepção, recebe-nos
um moderno edifício, harmoniosamente integrado na paisagem e com uma vista de perder
o fôlego. Deslumbrados com 600 hectares de
vinha e 90 de olival, começamos a visita pela
adega, onde se produzem os famosos vinhos e
azeites Esporão. Depois passamos por um dos
três novos jardins que ligam as vinhas, a adega e
o novo edifício, até ao restaurante.
Aqui, a comida alentejana é rainha e os ingredientes vindos da horta da Herdade são o segredo do sucesso. Acompanham uma prova de
azeites e vinhos da casa, como não podia deixar
de ser. Com o calor, sugerimos o novo Defesa
rosé e, de seguida, uma ida até ao núcleo histórico da Herdade ou à Vila de Reguengos, onde
edifícios brancos com barras coloridas marcam
o cenário.
É neste contexto que encontramos a antiga
Casa Agrícola José de Sousa Rosado Fernandes,
mais conhecida por Adega José de Sousa, adquirida em 1986 pela José Maria da Fonseca,
com uma localização privilegiada mesmo na
entrada da povoação. Aqui podemos aprender

um pouco de como se fazem alguns dos
vinhos mais antigos da região, com o
selo da casa.
E aqui é-nos dado a descobrir um
dos segredos mais bem guardados da
produção vitivinícola da José de Sousa... a “gruta dos 40 ladrões”, ou como
é aqui conhecida a Adega dos Potes, que
mantém viva a tradição iniciada pelos
romanos há mais de 2000 anos e conserva ainda 114 enormes ânforas de barro.
Destaque também para o núcleo museológico, onde é possível observar alguns
dos vestígios arqueológicos recuperados
na propriedade, entre eles um menir. E a visita
termina na sala de provas, claro.
O fim do dia faz-se à mesa, em plena Praça
da Liberdade, no restaurante O Gato, entre a
igreja, o CineTeatro e a Câmara Municipal. Delicie-se com as variadíssimas entradas, que parecem nunca mais acabar, prove a Sopa de Cação,
avance para a Carne de Alguidar com Migas e
remate com um muito guloso doce tradicional

alentejano, entre o Pão de Rala, o Toucinho do
Céu ou a Sericaia – isto é claro, sempre bem
acompanhado de um bom vinho da região.
O dia já vai longo e a noite começa a cair.
Para esse fim-de-semana ser perfeito em termos
de provas de vinhos e de viagem pelo Enoturismo, escolha o Monte de Santa Catarina, com
alguns quartos e decorado em estilo marroquino, onde com telescópios em funcionamento
todas as noites poderá observar as estrelas na

única zona do mundo classificada como reserva Dark Sky, devido às suas condições de céu
límpido e estrelado, sem perturbações da iluminação artificial, ou qualquer outro tipo de poluição luminosa.
Subimos ao terraço, a escuridão é total e sob
o olhar atento do guia observámos as Pleides,
Saturno, a Ursa Maior e Menor e tantas outras
estrelas longínquas, que pelo visor do telescópio
parecem estar mesmo ao nosso alcance, e sem
hora para terminar.
O dia seguinte passe-o em Évora, com
uma visita à Herdade da Cartuxa, contígua ao
mosteiro que lhe dá o nome. Está instalada na
Quinta de Valbom, antiga casa de repouso da
Companhia de Jesus e onde já em 1776 funcionava um lagar de vinho.
Actualmente é aqui que estagiam em tonéis
e barricas os vinhos, com o resto da produção a
ser toda feita na nova adega instalada na Herdade de Pinheiros. Durante a visita é possível
conhecer a produção de outros tempos, os antigos tanques, as castas usadas e, por fim, termine
com uma agradável prova de vinhos e azeites,
com excepção para o famoso Pêra-Manca tinto,
o ex-líbris da casa.
No final, uma visita à loja faz as delícias de
quem gostou do que viu e provou, terminando
em beleza uma escapadinha pela rota dos vinhos alentejanos de Reguengos de Monsaraz.
Texto e fotos: Fernando Borges