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SOCIEDADE

CSS | 17 de Março de 2017

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buraco da minhoca

Dário S. Cardina Codinha

Batatas em Marte e Humanos na Lua?
1- Começamos por uma imagem que já vimos
em filmes: batatas fora da Terra. A International Potatoe Center partiu da questão "será possível fazer
crescer batatas em Marte?" e decidiu testar esta possibilidade. Enviou um cubesat, um satélite miniatura, para o espaço com um conteiner hermeticamente fechado com um solo e ambiente com pressão,
temperatura e quantidades de oxigénio e dióxido de
carbono idênticas às condições marcianas. E porquê
batatas? Porque a sua genética é propícia a condições
extremas e pode adaptar-se bem ao clima marciano,
frio e seco. Para surpresa de todos, as batatas cresceram nestas condições. Este é um dos pontos essênciais do caminho que leva o Homem para Marte. Já
temos os novos foguetes: o SLS, o Falcon Heavy da
SpaceX, o New Glenn da New Origin e a proposta
da criação de um escudo magnético para ajudar a
terraformar Marte. Enviar suprimentos para Marte
não é fácil já que se trata de uma viagem de 8 ou 9
meses a cada dois anos. Será, de todo, fundamental
conseguir alimentos in loco.
2- A SpaceX prevê, no último trimestre de 2018,
enviar dois turistas para uma viagem à órbita lunar.
A viagem utilizará o foguete Falcon 9 Heavy e a cápsula Dragon V2, capaz de pousar noutros planetas. A
viagem passará por trás da Lua, a 640 mil Km da superfície terreste (a Apollo 8, em 1969, passou a 450
mil Km da Terra), numa viagem que durará uma semana. Quanto custa a viagem? Sabemos que a Soyuz
paga, neste momento, 80 milhões de dólares por um
lugar para a Estação Espacial Internacional (ISS).
Por aqui podemos inferir que o preço para a viagem
à Lua será idêntico. Para a viagem ser possível é necessário: 1- um escudo de calor bem mais resistente
do que o da cápsula Dragon (de carga para a ISS);
Uma transmissão rádio mais potente com uma nova
antena na cápsula. Dificilmente a SpaceX irá fazer
esta viagem em 2018 já que o Falcon Heavy apenas
será lançado no fim deste ano com um satélite de
testes e a cápsula Dragon V2 ainda não foi testada.
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A Associação de Classe
dos Operários Corticeiros
do Seixal
Em inícios do
século XX, com
o surgimento de
novas fábricas e
da
consequente
industria lização
do concelho do
Seixal, muita da
sua
população
deste é lançada
para o trabalho
nestas. A pobreza,
o
analfabetismo
e a falta de boas
condições
de
trabalho entre os
operários
levará
à constituição de
várias Associações
de Classe – sob a
influência do que
já ocorria por todo
o país, devido à sua
legalização pela Lei
de 9 de Maio de 1891
– com o objectivo
de combater estes
mesmos problemas.
A mais importantes destas associações
de classe no concelho é a Associação
de Classe dos Operários Corticeiros
do Seixal, pois os operários corticeiros

Legenda: Antiga foto da Rua Dr. Miguel Bombarda, onde se
encontrava sediada a efémera sede da Associação dos Operários
Corticeiros do Concelho do Seixal, inaugurada em 1929

constituíam
a
principal
massa
trabalhadora do concelho. Segundo o
processo relacionado com a associação –
que se encontra no Fundo das Associações
de Classe, no Arquivo Nacional da Torre
do Tombo -, esta só terá sido legalizada
no ano de 1921, mas as várias referências
a reuniões de operários corticeiros
seixalenses na imprensa demonstram que
já existia uma organização no concelho
do Seixal, sob a designação de «Secção».
Em 1920, fora criada no concelho uma
União dos Sindicatos Operários (órgão
concelhio ligado à Confederação Geral
do Trabalho, com o objectivo de unir os
sindicatos e as associações de classe), à
qual a respectiva Associação irá aderir. No
entanto, em meados de 1922, a Associação
dos Corticeiros irá abandonar a União dos
Sindicatos do Seixal, com a justificação
de que o órgão concelhio estava inactivo
e que os sindicatos do concelho não lhe
proporcionavam a força necessária para
tratar dos problemas locais do operariado.
No biénio de 1924-1925, a imprensa local
da zona da «Margem Sul» faz referência
às «crises de trabalho», originárias do
contexto de uma crise de internacional
de produção: segundo o já mencionado
Fundo das Associações de Classe, muitas
organizações operárias do concelho do
Seixal irão precisamente dissolverem-se
ou simplesmente cessam a sua actividade
nesta época. No entanto, apesar do fim da
I República e a implantação da Ditadura
Militar - que terá como consequência
uma maior repressão do movimento
operário livre - a Associação de Classe
dos Operários Corticeiros do Seixal irá
permanecer em actividade, contrariando
tal tendência.
A partir de 1929, dá-se a regeneração
da Federação Nacional Corticeira e
do seu jornal, O Corticeiro – num
momento em que a Ditadura Militar,
sob o ministério do general Ivens Ferraz,
dava sinais de retornar a república a uma

ordem constitucional. No mesmo ano,
a Associação de Classe dos Operários
Corticeiros vai aproveitar este breve
renascimento do movimento nacional
do operariado do sector corticeiro para
inaugurar a sua nova sede a 13 de Outubro
do mesmo ano, se localizava na Rua Dr.
Miguel Bombarda – dias mais tarde, no
concelho do Seixal, nos dias 20, 21 e 22
do mesmo mês, ocorria uma reunião do
Conselho Federal da Federação Nacional
Corticeira.
No entanto, a esperança de um
futuro com maior sucesso e liberdade
foi gorada, pois em 1932 a Associação
de Classe dos Operários Corticeiros
encontrava-se inactiva por falta de meios
financeiros: no entanto, não se dissolveu
legalmente, pois com a implantação do
«Estado Novo» de António de Oliveira
Salazar, os seus membros acabariam
por estarem envolvidos na integração da
Associação no Sindicato Nacional dos
Operários Corticeiros do Distrito de
Setúbal – processo sob o qual não tenho
a informação necessária para aqui relatar.

Rúben Lopes