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SOCIEDADE

CSS | 24 de Fevereiro de 2017

4

Histórias Associativas*(4)

opinião

Emílio Rebelo:
“Promover a nossa Terra
era o grande objectivo”

Fernando
Fitas

João Araújo

Algo vai mal.
Mesmo muito mal.
De volta ao tema da vasta obra que
desde há vários meses voltou o Seixal do
avesso, teremos que admitir:
É uma obra ambiciosa, de grande importância para as condições de vida dos
moradores da vila;
É uma obra que dará nova vida ao tecido urbano, porque moderniza o saneamento básico e os arruamentos;
É uma obra que “lava a cara” das já
muito degradas condições de habitabilidade, proporcionando investimentos
em habitação, comércio e serviços, capazes de atrair gente nova e nova gente.
Será um catalisador para que os proprietários de tantos prédios devolutos e em
ruína, ponderem fazer aquilo que não
cabe ao Município;
É uma obra que se mostra capaz de
harmonizar o novo Seixal da Quinta da
Trindade, com o velho Seixal, do casario
centenário;
É uma obra que valorizará o património local e que surge integrada num
esforço público mais alargado, em particular o de recuperação de parte das instalações da antiga corticeira, Mundet.
Em resumo, a dita obra tem muitos
méritos. Porém e a contragosto de todos
nós, tem um grave problema que parece
não ter solução. A obra está envolta num
inadmissível vício de um certo estilo de
Administração Publica. Refiro-me à falta de informação sobre a execução dos
trabalhos, a sua derrapagem em tempo e
orçamento e a quantificação dos respectivos danos colaterais sobre o comércio
e serviços locais.
Aliás, o mesmo se diz a propósito da
recuperação da Mundet. É que, para
além de alguns cartazes onde se podem
ver imagens de parte do que está para ali
projectado, nada mais vem sendo divulgado, com reiteração e de modo, absolutamente transparente.
Já sabemos que a isto a Administração responderá que numa qualquer página electrónica do Câmara Municipal,
ou mesmo numa sessão pública, foi explicado o que em cada caso se iria fazer
e gastar.

(Continuação)
Irmão de Manuel Rebelo, Emílio de
Oliveira Rebelo, 82 anos, é, tal como aquele,
outro dos homens que desde criança se
habituou a tomar parte na vida da Timbre,
sendo, por isso, igualmente, apontado
entre os restantes consócios, como um dos
mais profundos conhecedores de histórias
e episódios ocorridos nesta colectividade.
Membro da antiga orquestra - Jaz ‘Os
Aranhas’, constituída por músicos da
banda e um dos criadores da tradicional
Marcha das Canas, integrou diversas
vezes a comissão da biblioteca além de
haver ainda desempenhado vários cargos
directivos na referida agremiação.
Envolto no gérmen associativo que
perpassava os seus familiares, ao qual
não era alheia a postura do avô e a forte
influência que o mesmo exercia sobre os
mais jovens membros da prole, desde novo
se associou na Timbre onde começou a
aprender música, decisão que encheu de
contentamento o patriarca da família.
Inquirido sobre quais as iniciativas em que
tomou parte, Emílio Rebelo, garante ter

Fotos: Artur Marques (Atchixa)

*Excertos de “Histórias Associativas- Memórias da
Nossa Memória – 1º Volume As Filarmónicas”.
Edição Câmara Municipal do Seixal.-2001.

ROSTOS DO SEIXAL
Manuel Henrique Magista
Coisinha (1968)

Mas convenhamos, disto estamos
todos cansados, sobretudo do modo
de gerir o dinheiro que é de todos, sem
contudo passar “cavaco” aos pagadores
de IMI e outros impostos. É uma prática feia, só admita em sociedades como
a nossa, onde política e socialmente as
pessoas estão desabituadas de exercer as
suas obrigações de escrutínio
E embora haja por aí umas tantas vozes organizadas e reclamantes a propósito da obra, a verdade é que não parecem
ser o eco dos desconfortos dos habitantes da vila, mas antes organizações politicas e partidárias, fixadas na chicana
política.

participado em todos os eventos que, de
1927 a 1976, nela se realizaram, situação
que o coloca como uma das testemunhas
privilegiadas de tão importante período da
história desta colectividade.
Tão empenhada participação motivou, de
resto, os seus pares a atribuir-lhe os títulos
de sócio de mérito, de honra e honorário,
enquanto a Federação das Colectividades
de Cultura e Recreio o agraciava com a
medalha de bons serviços prestados ao
movimento associativo.
Denotando uma evidente simplicidade,
Emílio Rebelo, diz que não obstante os
vários títulos com que foi distinguido, dois
dos quais atribuídos pela edilidade, “ tudo
quanto fiz, não teve como intuito obter
honrarias pessoais, mas sim, valorizar o
nome da minha terra.”
Essa foi a razão pela qual pertenceu
aos corpos gerentes da Timbre durante
trinta e quatro anos, porventura, a época
em que a colectividade registou maior
actividade cultural e lhe permitiu angariar
um invejável pecúlio de recordações, cuja
perenidade se mantêm inalterável na sua

memória.
“Foram”, salienta, “ anos de grande
enriquecimento
humano,
que
me
conferiram
uma
experiência
incomensurável, do ponto de vista
da convivência e da capacidade
empreendedora do homem, sobretudo,
quando confrontado com a escassez de
recursos financeiros, como era o caso,
pois tratava-se de um período em que a
generalidade da população local vivia com
muitas dificuldades económicas.
Sem deixar de fazer alusão ao vasto
conjunto de acontecimentos já relatados
por seu irmão, adianta, no entanto, outros
que reputa de marcantes para a época. Tais
são os casos da banda da Timbre ter sido
das primeiras filarmónicas a exibir-se num
posto de rádio, numa altura em que ainda
não havia a Emissora Nacional.
“Alguns anos depois,” relembra, “demos
aqui um concerto, apresentado pelo
Fernando Peça, que foi radiodifundido
para todo o país. O que não estava ao
alcance de qualquer uma. Somente as
formações possuidoras de qualidade se
podiam orgulhar dessa honraria.”
Mais conta, que “num concurso de bandas,
organizado pelo Ministério do Interior e
pela Câmara de Lisboa, o júri pretendia
atribuir à Timbre o primeiro lugar, mas
como a outra formação que connosco
competia, era a da Sociedade Humanitária
de Palmela, (ao tempo tida como afecta
aos legionários), os responsáveis pela
promoção do certame, decidiram optar por
uma classificação exe-quo, decisão que nos
desagradou de tal maneira, que nem a taça
que nos cabia, quisemos receber. Como é
ver, reacção, motivou-nos alguns amargos
de boca, em consequência das estruturas
do regime de então, a considerarem um
acto de rebeldia.”
(continua…)

Natural do Seixal e com a sua vida ligada
sempre ao desporto local, Manuel Coisinha
conta com um percurso que contempla todos os
escalões de formação do Seixal Futebol Clube
(atual Seixal Clube 1925), desde o mini-basquete
aos júniores, onde atingiu títulos distritais nas

três categorias que vigoravam à época (iniciados,
juvenis e júniores) e dois vice-campeonatos
nacionais (um de juvenis e um de júniores),
fazendo parte de uma equipa e de uma geração
que marcou uma época.
Alcançando a idade de sénior, optou pelas
funções de treinador, onde o seu percurso é
bem mais longo, contando com três décadas
de atividade, conquistando vários campeonatos
distritais e dois vice-campeonatos nacionais nos
escalões de formação, um campeonato nacional
do CNB2 e uma subida à Proliga, Campeão
Nacional da CNB2 em 2004-05, Vice-Campeão
Nacional CNB1 - 2006-07 e duas prestações
muito positivas nos últimos Campeonato da
Proliga, onde, com dos mais baixos orçamentos,
conseguiu sempre, assegurar a manutenção na
prova. Treina ainda a equipa de Cadetes (Sub
16 e Sub 18) a partir da época 2009-2010.
Com a sua personalidade cooperante e fraterna,
Manuel Coisinha tem sempre presente o espírito
de equípa, salientando os atletas que com ele
trabalharam, "(...) assim como aos adjuntos

Filomeno, ao Fernando Aires, aos melhores
diretores do mundo, Manuel Gomes, Caita,
Pereira, ao meu irmão Fernando Coisinha,
ao massagista David Tavares, ao Paulo Costa
(audiovisual) e a todos os adeptos seixalenses
(...)"
Nome de relevo da história atual do
Seixal Futebol Clube, foi homenageado pelo
mesmo com a distinção de Sócio de Mérito
no dia 5 de fevereiro de 2016, comemorando
simultaneamente vinte e cinco anos de associado
do clube.
Envie a sua sugestão de «Rosto do Seixal» para:
comerciodoseixal@gmail.com

Mário Barradas

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