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SOCIEDADE

CSS | 20 de Maio de 2017

4

Histórias Associativas*(13)

o vozeiro

Rui Hélder Feio

Paixão pelo teatro deu
em casamento

O ESTATUTO JURIDICO DO(A)S ANIMAIS
“A compaixão para com os animais
liga-se tão estreitamente com a bondade
do carácter que se pode afirmar, confiantemente, que quem é cruel com os animais não pode ser uma boa pessoa”.
Quem o disse foi Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX.
Sinais de uma civilização mais atenta
e para lá da perspetiva filosófica, cultural
e politica, chega agora a vez no plano jurídico dos animais deixaram de ser “coisas” para adquirirem o estatuto de “animais sensíveis”, à semelhança de outros
sistemas jurídicos ocidentais.
As alterações abrangem o Código Penal, o Código de Processo Civil e o Código Civil.
No Código de Processo Civil, os animais de companhia passam a ser considerados impenhoráveis. Sim, é verdade,
os animais de companhia podiam ser
objeto de penhora.
Para quê? Perguntará. Quem tinha
a coragem de penhorar um animal de
companhia?
Direi que só alguém de baixos valores
éticos e morais e com o único intuito de
enxovalhar o dono do animal.
Mas é no Código Civil que as alterações são mais significativas. Introduzindo o conceito de “animais como seres
vivos dotados de sensibilidade e objeto
de proteção jurídica em virtude da sua
natureza” e ainda o direito de propriedade desses animais de companhia, aquando do casamento ou na sua dissolução,
passando estes a constar no acordo de
divórcio sobre o seu destino.
Acrescentam-se ainda a previsão de
uma indemnização específica aos proprietários em função de lesão ou morte
do animal, à consagração e desenvolvimento do regime de propriedade dos
animais, com a consagração de vários
deveres dos proprietários e garantias dos
animais e ainda a previsão de um regíme
próprio aplicável aos animais de companhia.
Escolha os serviços de um profissional, contacte o Solicitador.
Envie a sua questão para:
duvidas@ruifeio.pt
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DR

É assim, que, devido à sua experiência de
amador teatral, é convidado a observar,
em representação da colectividade, vários
espectáculos cénicos com o intuito de
aconselhar os que, em seu entender,
melhor se ajustavam às apetências da massa
associativa, tanto no domínio literário,
como no capítulo da interpretação.
“Uma vez,” relata Adelino Cunha, “ a
pedido de Henrique Paiva e Rui Silva
fui, com minha esposa, ver uma peça
do António Aleixo, representada por um
grupo de estudantes, na cave de uma
instituição religiosa, situada num edifício,
algures, na Rua dos Douradores, em
Lisboa, mas porque se tratava de um texto
de denúncia social que, presumivelmente,
não terá merecido prévia autorização da
censura, a dado momento o espectáculo
foi subitamente interrompido porque a
policia se aprestava para tomar de assalto
o local.
Ante a eventualidade de sermos detidos,
com todos os inconvenientes daí
resultantes, mormente os que decorriam
da acusação de estarmos a participar
numa reunião clandestina - como, aliás,
era uso na época -, outra alternativa não
tivemos que não fosse a de escaparmos
pela porta dos fundos. Minutos depois
as forças policiais penetraram no recinto
pela entrada principal, embora eu não as
tenha chegado a ver.
Foi um susto que nem queira saber...!”
Enfatiza.

Compra da primeira Sede custou vinte
contos
Mas de outras recordações se alimenta
igualmente a memória de Adelino
Cunha, entre as quais a da compra de
uma antiga taberna que dispunha de um
grande terraço, feita por uma direcção
na qual figuravam seu pai e um tio, para
ali instalar a nova sede. “Essa aquisição
custou 20 contos e a sua inauguração teve
lugar com a realização de um espectáculo
de variedades. Nesse dia ainda nem

ROSTOS DO SEIXAL
DR

Joaquim José
da Conceição
Letria (1943)

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Observar espectáculos teatrais era um
tipo de diligências que fazia de bom
grado, porquanto, a par de prestar um
serviço à colectividade, constituía ainda
um modo de se manter ligado a outra das
suas grandes paixões: a arte cénica, pela
qual desde muito jovem se deixou seduzir.
Gosto em que era acompanhado por sua
mulher, também ela membro do Grupo
de Teatro da União, e, com quem, de
resto, contracenou algumas vezes.
“ O nosso namoro,” confessa, “assim como
o da Regina e o da Clotide, começou por
essa altura, fruto do permanente contacto
que o teatro nos proporcionava. Mais digo,
que tudo aconteceu no decurso da peça ‘O
Fratricida’, a primeira em que participei, e,
na qual, aliás, desempenhávamos o papel
de dois amantes. Foi um enamoramento
que permanece duradoira à várias
décadas.”

Nasceu na capital e começou a carreira a
trabalhar no Diário de Lisboa em 1961, com
18 anos. Passou mais tarde para a revista Flama
e para o Rádio Clube Português. Trabalhou
para a Associated Press durante sete anos
regressando depois disso temporariamente
a Lisboa, onde trabalhou novamente no
Diário de Lisboa. Pouco depois concorreu a
um lugar na BBC e mudou-se para Londres.
Após a Revolução dos Cravos, em 1974,
decidiu regressar a Portugal, onde participou
na fundação do semanário O Jornal, de onde
pouco tempo depois passou para a agência
noticiosa portuguesa ANOP. Em 1978,

regressou à RTP para fazer e apresentar o
Informação 2, o telejornal do segundo canal
da televisão estatal. Foi neste período que
criou os dois programas de televisão que o
tornaram mais conhecido em Portugal, o
Directíssimo e o Tal & Qual, que misturavam
informação com entretenimento. A popular
rubrica Apanhados apareceu, em 1979, no Tal
& Qual. Em 1980, após a vitória da Aliança
Democrática nas eleições legislativas, a RTP
acabou com o Tal & Qual e afastou Letria da
direção do canal. Nesse mesmo ano, resolveu
lançar um jornal semanário com o nome
do programa extinto. Entretanto, em finais
de 1980, participou na campanha eleitoral
de Ramalho Eanes para as presidenciais.
Quando este assumiu a presidência da
República passou a ser o seu porta-voz, função
que desempenhou até 1986. A 19 de abril do
mesmo ano, foi agraciado com a Grã-Cruz da
Ordem Militar de Cristo. Regressou então de
novo à RTP, onde apresentou o programa Já

Fernando
Fitas

telhado havia e para tentar ocultar tal
falta, foram colocadas no tecto vários fios
de cordel com tiras de papel (roubado na
Mundet) que assim emprestava ao evento
o ar festivo que a ocasião exigia.
Só mais tarde, mercê do labor desenvolvido
por um grupo de associados, denominado
comissão pró-sede, constituída, entre
outros, por António Tomé, Alexandre
Araújo, Manuel Pescadinha, Neves
Cardoso e Matias Teixeira, se angariou
o dinheiro para colocar a cobertura e
concluir a obra. ”
Aliás, diga-se, era com esse papel
‘desviado’ à Mundet, por operários
amigos da UniãoSeixalense, que muitas
vezes se pintavam os cenários para as
peças que o grupo de amadores levava à
cena. O mesmo se passava com os grupos
cénicos das demais colectividades do
concelho.
De acordo com Adelino Cunha, “a
existência do primeiro grupo teatral
na União remonta a 1925 e teve como
principais impulsionadores João Gomes
Pólvora e Alfredo Lucas.
Após a sua dissolução, a arte de representar
só voltaria à colectividade em 1947, com a
constituição de um novo grupo, no qual
eu me integrava. Do nosso reportório
constaram diversos géneros, tais como
drama, comédia e revista, sendo que no
intervalo de cada representação tinha
lugar um acto de variedades.”
O elenco de tais grupos, apesar de
dirigidos por pessoas mais velhas, era
maioritariamente formado por malta
nova. “Eutinhaquinze anos quando vim
para o teatro e minha mulher catorze.”
Diz, num tom de grata nostalgia,
enquanto rememora ainda a permanente
atenção com que seus tios, Francisco Rosa
e Eugénio Teixeira, respectivamente,
ponto e contra-regra, seguiam o papel
de cada um dos actores e o rigor que
Fernando Mota colocava na condução
dos ensaios. “Era um bom ensaiador,”
sublinha, “ não obstante se tratar de um
mero empregado de escritório.”
*Excertos de “Histórias Associativas- Memórias da Nossa
Memória – 1º Volume As Filarmónicas”. Edição Câmara
Municipal do Seixal.-2001.

Está, mas em 1988 saiu para dirigir a revista
de grande informação Sábado, a convite de
Pedro Santana Lopes. Em janeiro de 1992,
deixou a direção da revista onde se manteve
como cronista até esta fechar em setembro
de 1993. Entretanto, apresentou o programa
Rosa dos Ventos da RTP Internacional,
continuando pontualmente na televisão. Em
1998, lançou o livro A Verdade Confiscada.
Escândalo - A Armadilha da Nova Censura.
Posteriormente, colaborou com a Rádio
Comercial, com o jornal diário 24 Horas, deu
aulas na Universidade Lusíada, fez consultoria
de comunicação e manteve a ligação à televisão
através da produção de documentários.
Vive no concelho do Seixal, podendo ser
visto, atualmente, no programa A Tarde É Sua
na TVI, onde continua a demonstrar o seu
carisma e profissionalismo.
Envie a sua sugestão
de «Rosto do Seixal» para:
comerciodoseixal@gmail.com

Mário Barradas